A importância da cooperação em arqueologia e património cultural entre o Brasil e a Europa, e o contributo da rede Porto Seguro

Porto Seguro representa, como o próprio nome sugere, um local onde pessoas, gente como nós, circula, atravessa, rompe barreiras de tempo e de espaço de uma forma segura. Por que segura? Porque todos, independente da nacionalidade, somos seres sem território fixo, boiamos pelo Atlântico em busca das nossas inter-relaçoes superficiais ou profundas, em que a arte e a arqueologia nos permitem navegar um tanto quanto sem rumo, mas juntos em um Porto Seguro. Pertenço a uma rede de pesquisadores (investigadores), arqueólogos, artistas, enfim, amigos e me orgulho disto.

Cris Buco
Doutoranda em Quaternário, Materiais e Culturas

Vimos elogiar a iniciativa que resultou na construção do projeto Porto Seguro e temos o maior prazer em ressaltar a importância da cooperação em arqueologia e património cultural entre o Brasil e a Europa, e o contributo da rede Porto Seguro, pela contribuição aos estudos, à promoção da cidadania e às culturas dos povos da América e Europa.

Att,

Marcos Fábio Freire Montysuma
Prof. do Departamento de História / UFSC

A importância do projeto Porto Seguro, no que se refere à relação Brasil e Europa, nos campos da Arqueologia e Preservação do Patrimônio Cultural, é de um significado muito grande, pois, coloca em debate, e concomitantemente, abre um leque de visibilidade para as problemáticas e as iniciativas de ações concretas, objetivando a manutenção, respeito, preservação e desenvolvimento de áreas históricas do conhecimento humano. Outrossim, visa recuperar a história das civilizações que nos antecederam, como também sustenta a necessidade de preservação do patrimônio construído em vários períodos que nos chegam na atualidade. Este tipo de trabalho salvaguarda não só a história desenvolvimentista da civilização humana, mas, garante ao futuro sua permanência de forma clara, intelectual e cheia de vida.

Professor Marcos Canetta
Historiador/Mestre em Educação e Cultura
São José- Santa Catarina – Brasil

Depois de séculos de contactos ‘forçados’ entre os dois lados do Atlântico (Europa - Brasil), nas últimas décadas a sociedade procura uma nova forma de interacção entre as diferentes tradições culturais e uma integração das culturas que se formaram através dos contactos anteriores. O primeiro passo para o avanço nessas direcções é o conhecimento e o respeito recíprocos das várias formas conhecimento que ao longo do tempo constituíram as bagagens e as memórias históricas dos povos que convergiram simbolicamente no Porto Seguro. A arqueologia - como instrumento de conhecimento do passado já esquecido - e o património cultural – que inclui os testemunhos tangíveis da evolução das sociedades – constituem os meios para estruturar as relações entre as diferentes identidades e assim contribuir para uma sociedade mais moderna.

Pierluigi Rosina
Instituto Politécnico de Tomar
Escola Superior de Tecnologia
Dep. Território, Arqueologia e Património
(Landscape, Archaeology and Heritage)

Um dos principais valores que move um projecto como o Porto Seguro é o da Universalidade, isto é, a humanidade é uma. Diversa, múltipla, plural, mas só uma.

Penso que entramos no início do século XXI com sérios problemas identitários que são visíveis nos conflitos em todos os continentes, sabemos que estes em muitos casos são sobretudo provocados pelo medo do outro, pelo desconhecimento, pela intolerância e pela ignorância. Também entramos no século XXI sabendo que a sobrevivência do planeta, mas sobretudo da humanidade, só é viável se formos capazes de gerir de forma saudável a nossa diversidade, para formular novos valores comuns e encarar um futuro de partilha transversal em todos os hemisférios. Só a consciência da diversidade permite que exista um verdadeiro respeito pelo outro. É como diz o grande músico brasileiro Tom Zé:

"E como começo de caminho eu quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho, a casa da humanidade…"

Para isto é preciso trabalhar já, construir pontes, aprender a conhecer os outros lados e com eles cooperar, esta é a essência do projecto Porto Seguro. E a este respeito penso que Brasil e Europa têm, na sua enorme diversidade em «dinâmica unificação», muito para partilhar, entre si e com o resto do mundo. Faltam-me linhas para falar de como tudo isto se pode e deve fazer através da arqueologia e do património cultural… Mas aí as acções em curso deste projecto já vão falando por si.

Sara Cura
Museu de Arte Pré-Histórica de Mação
Grupo “Quaternário e Pré-Histórica” do Centro de Geociências

Brasil e Portugal: Arqueologia e Patrimônio Cultural

"Através de ações e reações estratégicas, visamos contribuir para o futuro cultural (material e imaterial) e socioeconômico dos povos luso-brasileiros, intercambiando técnicas, métodos e teorias que nos possibilitem produzir mais e melhor. O projeto Porto Seguro representa este esforço conjunto na busca de inovações no campo do patrimônio e da arqueologia de países que dividem uma mesma memória histórica".

Michel Constantino Figueira
Mestrando em Memória Social e Patrimônio Cultural
Universidade Federal de Pelotas - UFPel