Penso que entramos no início do século XXI com sérios problemas identitários que são visíveis nos conflitos em todos os continentes, sabemos que estes em muitos casos são sobretudo provocados pelo medo do outro, pelo desconhecimento, pela intolerância e pela ignorância. Também entramos no século XXI sabendo que a sobrevivência do planeta, mas sobretudo da humanidade, só é viável se formos capazes de gerir de forma saudável a nossa diversidade, para formular novos valores comuns e encarar um futuro de partilha transversal em todos os hemisférios. Só a consciência da diversidade permite que exista um verdadeiro respeito pelo outro. É como diz o grande músico brasileiro Tom Zé:
"E como começo de caminho eu quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho, a casa da humanidade…"
Para isto é preciso trabalhar já, construir pontes, aprender a conhecer os outros lados e com eles cooperar, esta é a essência do projecto Porto Seguro. E a este respeito penso que Brasil e Europa têm, na sua enorme diversidade em «dinâmica unificação», muito para partilhar, entre si e com o resto do mundo. Faltam-me linhas para falar de como tudo isto se pode e deve fazer através da arqueologia e do património cultural… Mas aí as acções em curso deste projecto já vão falando por si.
Sara Cura
Museu de Arte Pré-Histórica de Mação
Grupo “Quaternário e Pré-Histórica” do Centro de Geociências
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